O Blog da Escorregadela intelectual (versão 2.0)

22
Jan 09

Algo vai mal no reino da Din... comunicação social. Desde o último trimestre que os sinais são demasiado evidentes:  as tabelas de publicidade, fundamentais para qualquer meio, estão com descontos que chegam aos 80% (!!!!!), as redacções são vítimas de cortes regulares e os meios encontram-se cada vez mais centralizados em Lisboa. Não há dúvida, o sector atravessa uma profunda crise. Vejamos os factos por Grupo/Meio:

 Impresa (SIC, Expresso, Visão...) - o grupo de Francisco Balsemão avançou no ano passado com um processo de rescisão por mútuo acordo com o objectivo de dispensar metade dos seus colaboradores. Nomes como Rodrigo Guedes de Carvalho e Clara de Sousa, entre outras "vedetas", não foram poupados. As condições, por alto: 1,75 vezes o valor médio do salário mensal dos últimos 12 meses, por cada ano no grupo mais um prémio adicional de dois meses de retribuição certa mensal. O resultado: uma SIC Notícias cada vez mais repetitiva e uma SIC Generalista com programas de qualidade duvidosa em todos os horários da grelha (o "Fama Show" e o "Tá a Gravar" simplesmente não existem...).

 Controlinveste (DN,JN, 24 Horas, TSF...) - o grupo de Joaquim Oliveira procedeu ao despedimento colectivo de 122 colaboradores (10% do total de colaboradores) e ao encerramento da delegação do 24 Horas no Porto. Os cortes afectaram a maioria das suas publicações e, nos termos da lei, a Controlinveste não poderá realizar novas admissões durante os próximos três anos.

 Impala (Focus, Nova Gente, Maria...) - Jacques Rodrigues avançou também com o despedimento colectivo de 15 colaboradores. Entre rumores de dificuldades financeiras e de salários em atraso, o grupo luta pela sobrevivência de publicações como "Mulher Moderna", "Linhas & Pontos" e "Afro".

SOL - com graves dificuldades financeiras, o semanário poderá mudar de mãos em breve. O empresário e accionista Joaquim Coimbra parece apostar na entrada de capitais angolanos contra a vontade do BCP, outro dos principais accionistas. Com os media nacionais em saldo esta poderá ser apenas a primeira investida de Angola que já espreita outras áreas de negócio.

Em jeito de cereja em cima do bolo, a agência LUSA divulgou que pelo menos 181 jornalistas das redacções do Porto de vários órgãos de comunicação social perderam o emprego nos últimos cinco anos, 54 dos quais no despedimento colectivo anunciado quinta-feira pelo grupo Controlinveste. É evidente o esvaziamento das redacções do Porto, um fenómeno marcado pelo encerramento de publicações sedeadas na cidade, tais como "O Comércio do Porto".

 O presente enquadramento não é no entanto surpreendente. Os sucessivos cortes de investimento em publicidade juntamente com o aumento absurdo de meios (só gratuitos foram pelo menos seis), veio reduzir a dimensão do mercado. Apesar da conjuntura o Grupo Lena vai avançar com o lançamento de uma nova publicação em Fevereiro. Os loucos...

Pior do que isso, só mesmo o concurso público avançado pela tutela que irá permitir a criação de um quinto canal televisivo generalista. O limite para a recepção de candidaturas terminou hoje, a ZON e a Telecinco (David Borges e Carlos Pinto Coelho) foram as únicas a avançar com propostas. Se em França a publicidade foi retirada dos canais públicos de forma a garantir algum oxigénio à iniciativa privada, cá no burgo deixamos entrar mais um player num mercado totalmente saturado. Só pode acabar mal...

Mr. White às 19:46

6 comentários:
Excelente tema! Mesmo só abordando a questão (dificil) da Comunicação Social, o problema do desemprego é transversal e afecta toda a sociedade. Infelizmente, a própria comunicação social não está à altura do serviço que deveria prestar. Permanece refém das notícias bombásticas e mais grave, refém dos lobbies do governo (felizmente nem toda) e das desgraças alheias. Tal como os partidos políticos, também este importante pilar da sociedade moderna, livre e democrática perdeu o rumo e a sua identidade.
O que nos vai valendo são blogs como este, com assuntos e discussões pertinentes e sensíveis ao comum dos mortais.
Pipocas a 23 de Janeiro de 2009 às 11:56

Desculpem-me a sinceridade mas os ditos empresários da nossa comunicação social estão e vão sofrer as consequências dos seus actos e das opções que tomaram! Destes não tenho pena!
Agora, dos jornalistas, enquanto meros empregados e fazendores não livres de notícias encomendadas, desses sim, lamento a situação de angústia que vivem, com a luz do desemprego ao fundo do tunel
António Gomes a 23 de Janeiro de 2009 às 15:48

O ridículo da comunicação social, passa pelo facto de terem que oferecer brindes para vender.

Quer dizer que a qualidade e o temas são maravilhosos no mínimo !
António Correia a 23 de Janeiro de 2009 às 15:58

Resumidamente: tou lixado! Bem haja ao Viajar por me alertar para o meu muito possível estado de Futuro Desempregado.
José da Boa Fé a 23 de Janeiro de 2009 às 17:32

A Comunicação Social, a nível mundial, está a começar a sofrer da sua total dependência das receitas da publicidade. Eles, melhor que nínguém, deveriam ter tido a capacidade de saber que a crise vinha lá e deveriam-se ter precavido. Esta crise será também o meio de se limpar alguma escória que existe nesse meio!
Irene a 28 de Janeiro de 2009 às 12:56

Ás vezes é bom comentar fora de tempo... Assim, e porque, mesmo sendo incondicional do jornalismo da SIC Generalista e da SIC Notícias, concordo com um significativo empobrecimento de conteúdos, alguém explica a ousadia da TVI 24??? Haverá e$paço?? Ou o Moniz tem a lâmpada mágica e basta esfregar??...
Mostarda a 28 de Fevereiro de 2009 às 10:46

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