O Blog da Escorregadela intelectual (versão 2.0)

26
Jan 12

Ms. Brown soube agora que o Governo decidiu eliminar os feriados civis 5 de Outubro e 1 de Dezembro, e, com efeito, até concorda. Realmente, nos tempos que correm, da forma como Portugal está posicionado perante os demais países da Europa, não faz sentido comemorar nem a instauração da República nem a Restauração da Independência...só falta mesmo retirar a menção do artigo 1º da Constituição da República Portuguesa de que "Portugal é uma República soberana...".

Nem mesmo no tempo do outro senhor se afrontou de tal forma a História de Portugal, antes pelo contrário, enalteceu-se até em demasia a nossa História.

Não há dúvida que Portugal está sujeito a um (des)Governo completamentamente alheio da realidade do país, só vidrado em números e em jargão económico como seja "rentabilidade", "produtividade", "contenção/redução de custos".

E como se não bastasse, a principal figura de Estado, o Presidente da República ainda "manda bojardas" para o ar sobre a sua situação económica, ofendendo as pessoas que ganham pensões de miséria, ao invés de chamar a atenção do Governo para a sua política nefasta, árida e devastadora da sociedade e da população portuguesa.

Ms. Brown sugere que se acabe com todos os feriados, acabe-se com a História e com o passado, termine-se com o 1º de Maio, o 25 de Abril, o 10 de Junho! Assim, como assim não faz sentido festejá-los ou sequer tê-los presentes na memória. Os trabalhadores deixaram de ter quaisquer direitos, por isso não se deve festejar o seu dia; o 25 de Abril e os seus ideais deixaram de estar presentes na memória dos políticos que nos governam que tentam de uma forma encapotada voltar a instituir a censura prévia (veja-se o caso da Antena 1), a aniquilar os direitos sociais das pessoas, a terminar com o Estado assistencial e social; e se Portugal já praticamente se anulou, vivendo debaixo da sombra da Troika e dos países economicamente mais poderosos, vivendo da sua esmola e piedade, não se vê razão para se festejar o Dia de Portugal.

Efectivamente o Governo está a conseguir aquilo que em tempos sugeriu... que emigremos!...

Ms. Brown às 15:54

09
Jan 12

Nos anos 70,  Sérgio Godinho, cantavano seu disco "Liberdade":

Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação

Por causa da notícia de que há meio milhão de portugueses sem qualquer tipo de rendimento porque ficaram sem subsídio de desemprego; por causa de um senhor idoso que hoje de manhã pediu uma moeda à Ms. Brown para uma sopinha; por causa de um mendigo, também idoso, a pedir esmola, sentado na esquina da R. Marquês da Fronteira com a Av. António Augusto de Aguiar; por causa das notícias que diariamente relatam a crise e a pobreza deste país, Ms. Brown lembrou-se daquela letra, pois, nunca como agora, em pleno século XXI, decorridos quase 40 anos, aquela letra faz todo o sentido!

Um povo verdadeiramente livre precisa de paz, de comida no prato, de um tecto para proteger, de saúde para viver e de educação para se instruir. Lamentavelmente, hoje em dia temos cada vez menos paz de espírito, porque vivemos assolados pela incerteza do futuro; menos comida no prato por causa do custo de vida; vivemos na rua porque não temos dinheiro para pagar os empréstimos contraídos na compra de casa e porque as rendas são altas; não temos saúde, porque o SNS já não cumpre o seu desígnio de permitir o acesso ao sistema de saúde público gratuito aos mais carenciados; e temos menos educação porque é caro estudar e porque temos um sistema de educação deficiente que não instrui nem educa!Portugal arrisca-se retroceder no tempo, para uma época que se pretendia só ser recordada nos livros de História.

E os políticos senhores, que discutem eles nestas horas de angústia do povo?! Discutem se fulano ou sicrano é da maçonaria!!! É isto que se discute, ao invés de se trabalhar para um único rumo que é o da recuperação da economia e do levantar o moral de um povo abatido pelas más marés das economias europeias e mundiais!

A Ms. Brown não lhe interessa saber quem é da maçonaria, ou deixa de ser! Interessa sim é saber se amanhã, as pessoas têm massa no prato e "massa" na carteira. Interessa-lhe saber qual o plano de salvação nacional que está delineado para que Portugal não se afunde de vez!

Por isso, senhores políticos e governantes, tratem de trabalhar para nos darem PAZ, PÃO, HABITAÇÃO e EDUCAÇÃO para que no presente sejamos um país do futuro!

Ms. Brown às 15:55

05
Jan 12

Mal o ano começou e já circulava a notícia que deixou muita gente zangada - a Jerónimo Martins, empresa detentora da marca e supermercados "Pingo Doce" ia deslocalizar-se para a Holanda porque neste país a carga fiscal é menor do que em Portugal!

Sabe-se que num momento de total afundanço do barco, as ratazanas são as primeiras a sair borda fora e neste caso o "Pingo Doce" saltou fora do barco, mas não sem antes ter-se aproveitado de várias benesses ao longo dos anos por parte do Estado português e do consumidor final.

Em menos de um piscar de olho a marca "Pingo Doce" soava nas nossas mentes "de Janeiro a Janeiro", entrava-nos pela casa a dentro, em todos os bairros era instalado um supermercado, que, em menos de nada acabava com o comércio local das mercearias com as suas vendas agressivas e preços convidativos. E tudo foi feito com a complacência dos governos que autorizava a sua entrada no mercado português sob a justificação de se tratar de uma empresa portuguesa.

Mas, agora que o consumo se retraíu, agora que o Governo foi obrigado a agir também contra as empresas e não só contra as pessoas, agora que o patriotismo e a necessidade de defesa dos interesses nacionais se deveriam sobrepor a qualquer outro interesse, a empresa Jerónimo Martins fugiu para a Holanda, país que não vive crise, que tem consumo q.b e que, acima de tudo, tem uma carga fiscal bem menor para as empresas. Ou seja, a Jerónimo Martins, empresa portuguesa, ao invés de contribuir para o PIB nacional, optou por contribuir para o PIB holandês, e assim, "à cara podre" decidiu no início do ano anunciar a sua mudança de sede!

E o Governo nada diz ou faz...nem uma reacção oficial! Dirão que vivemos numa economia de mercado, totalmente liberalizada, e que enquanto integrados na UE, uma empresa privada poderá deslocar-se para outro país da UE e optar por aí pagar os seus impostos, não podendo o Governo ingerir nos assuntos privados. Mas, e os interesses nacionais? E as receitas fiscais que se perdem à custa deste "chico-espertismo"? Em tempos de necessidade extrema de se manter as empresas que por cá andam e de se angariar novas empresas, com recurso a campanhas aliciantes e que provem que o país tem condições para as ter cá (desde que contribuam para o PIB e para o aumento de emprego, claro está), o Governo deixa fugir uma das maiores empresas nacionais, nada faz ou diz, encolhe os ombros e empurra os problemas com a barriga! Vergonhoso!

Infelizmente, o ano muda e tudo fica na mesma...os pobres que paguem a crise!

 

Ms. Brown às 18:52

02
Jan 12

E, pronto, entrámos em 2012 com tudo de mau que isso trás (dizem os visionários da desgraça!)! O Sr. Presidente da República, aliás, fez questão de o referir, usando mesmo a expressão "insustentável" para caracterizar a situação do país se nada for feito ou se não dermos uma volta de 180ºC!

Ms. Brown, que agora regressa às lides do blog, e esperemos que com assiduidade, não podia deixar de pegar na palavra "insustentável" para deixar aqui a sua singela opinião (cada um dá a sua e vale o que vale!) sobre o discurso do Sr. Presidente da República.

2011 não deixou saudades, antes pelo contrário, deixou um grande amargo de boca. Nunca se tinha falado tanto em crise como no ano que agora findou. Todos os dias as notícias só falavam da crise e de como isto está mau e de como tudo era culpa do governo, culpa dos mercados financeiros, culpa dos políticos, culpa de uma falta de liderança forte, culpa da Merkel, culpa do Sarkozy, culpa das agências de rating, culpa disto e daquilo, mas nunca culpa nossa, isso não!! A crise é sempre culpa de terceiros, nós nunca contribuímos para isso! E assim pareceu o discurso do Sr. Presidente da República que, longe das preocupações de uma reeleição que já não pode ter, lança as culpas em cima dos governos e da crise internacional para dizer que a situação poderá alcançar níveis insustentáveis e lançar o país no caos se nada for feito. Mas, (e num retorno ao ido mês de Janeiro de 1996 em que Ms. Brown, no alto da sua juventude pespeneta universitária, questionou o agora Presidente da República, à data candidato ao dito cargo, se achava que o povo português era um povo de memória curta), será que o Sr. Presidente da República se esqueceu dos seus 10 anos de maioria absoluta e 2 anos de maioria relativa de Governo liderado por si ou será que, como Pôncios Pilato, lava daí as suas mãos e defende que nada tem a ver com o assunto? É verdade que a situação se agravou nos últimos 15 anos, e mais se agravou com a entrada de Portugal no Euro e com o cumprimento de metas de déficit completamente absurdas (3% ao ano!!), mas caro Sr. Presidente da República, quando foi Primeiro Ministro de Portugal contribuiu também para o país que hoje temos. Foi no seu (longo) mandato que tivémos acesso ao crédito fácil, aos fundos (sem fundo) comunitários, à compra de carros, casas, montes alentejanos, jeeps sem preocupações de pagamento no futuro. Criou-se uma imagem de país próspero (que não era),  país culto (que não era), país evoluído (que não era), cumpridor das suas obrigações (que não era), e assim todos confiaram que a crise nunca nos afectaria. Foi no governo do Sr. Presidente da República que se criaram BPN'S, SLN's, BPP's, todas estas instituições com amigalhaços ex-ministros ou secretários de estado seus à cabeça da liderança, como por ex. Dias Loureiro (escondido da Justiça em Cabo Verde), Duarte Lima (preventivamente preso), Oliveira e Costa (preso por causa do processo BPN). Os anos 90 foram anos de prosperidade falsa! Os que enriqueciam faziam-no à custa do povo e sem preocupações de pagamento no futuro...quem viesse atrás que pagasse a crise!

O Sr. Presidente da República esqueceu-se que semeou ventos e que agora se colhem tempestades? Claro que não é o único responsável, mas, é um dos responsáveis e até mesmo agora enquanto Presidente da República, preocupado que estava com a sua reeleição, não agiu como deveria ter agido e não dissolveu a Assembleia da República nem demitiu José Sócrates quando o devia ter feito. Deixou que o país se afundasse ainda mais, enquanto V. Exa. assobiava para o lado e tentava passar por entre os pingos da chuva para garantir a sua reeleição.

Estamos numa situação insustentável? Sim estamos, mas não sacuda a água do capote Sr. Presidente da República, pois é também um dos responsáveis pelo que vivemos agora!

2012 não se adivinha um ano fácil para aqueles que todos os dias trabalham, ou procuram um trabalho (porque ficaram sem ele). Para as famílias endividadas (a ex-classe média) ou que vive de ordenados de miséria, mas já não será um ano difícil para os que sempre viveram à conta, os que sempre se colocaram no poleiro para sugar tudo o que o Estado dá. À memória de Ms. Brown vem a imagem de Bordalo Pinheiro, feita no séc. XIX onde uma porca, identificada como "Estado" tem pendurado nas suas tetas, todos os parasitas que mamam o máximo possível e não contribuem para o enriquecimento do Estado. É isto que tem vindo a acontecer, desde sempre e enquanto se permitir que pessoas sem escrúpulos tomem as rédeas do nosso país.

Ainda assim, Ms. Brown é uma optimista por natureza, uma seguidora desse grande optimista exagerado, o Professor Pangloss, personagem de "Cândido",livro de Voltaire e, como ele, diz que tudo vai bem no melhor dos mundos mesmo que tudo parece mau! Olhemos então o futuro com esperança e tentemos lutar contra ventos e marés turbulentas...

FELIZ ANO NOVO!

Ms. Brown às 18:11

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