O Viajar encheu-se de coragem, largou uma das canadianas (só uma...) e apresentou-se no Parque da Bela Vista para perceber por ele próprio a razão pela qual Madonna é conhecida, há quase duas décadas, como a Raínha da Pop. No recinto, via-se geeeeeeeeeeeente por todo o lado. Quanto ao palco, estava lá, ao longe, algures, intermitente entre milhares de cabeças. Com uma hora de espera pela frente o Viajar questionava-se "Mas será que vou ver alguma coisa??!!"
Chegada a hora do espectáculo, o momento da verdade... ver ou não ver? Ver!!!! Lá bem ao fundo, é certo, mas com vista desobstruída sobre praticamente todo o palco. Um luxo que várias dezenas de milhar não usufruiram. Ai, a ganância da organização...
Com uma qualidade de som surpreendente para um concerto ao ar livre, Madonna arrancou para um bloco de duas horas repleto de clássicos (mais recentes do que se desejava e sem Like a Virgin), dança de altíssima qualidade e efeitos multimédia de ficar de boca aberta.
Com uma estrutura de concerto à prova de bala, intervalou videos com blocos musicais e preencheu o palco com projecções dos artistas que integram os seus últimos êxitos (Kanye West, Pharrell Williams, Justin Timbarlake e Timbaland), dançarinos e músicos. De encher o olho.
Quanto a Madonna, a senhora fez tudo menos tirar cafés. Cantou, dançou, tocou guitarra, saltou à corda (!!) e espalhou magia. Pelo meio foi deixando as suas mensagens. Não dedicou uma música a alguém, como em Roma, mas fez diversas referências à Cabala, à Bíblia, apoiou Obama, repudiou Mccain, foi ecológica e foi provocadora.
Dos temas das projecções o Viajar destaca os trabalhos adaptados de Keith Haring, artista da Pop Art, homosexual assumido que morreu de Sida aos trinta e poucos anos. Uma escolha óbvia, dado o perfil da cantora.
Em jeito de balanço, nota negativa à Everything is New por ter escolhido mal a localização do concerto (mais valia terem apostado novamente no Pavilhão Atlântico) e nota perto da máxima à Rainha da Pop. Só não fez o pleno porque se lembrou de perguntar "hablais español?" a meio do concerto e por ter reforçado a argolada com as músicas La Isla Bonita e Spanish Lesson. Enfim, ninguém é perfeito...