Foi ontem divulgado pelo ainda nosso PM o almejado acordo com a troika (palavra que já está no léxico do português comum). Quase em tom de rejubilo, o nosso PM anunciou aquilo que NÃO ficou no acordo, ao invés de anunciar aquilo que estava acordado. Ficámos a saber que não há cortes nas pensões, nem nos 13º e 14º mês, que não vão deixar de haver subsídios, etc. Enfim, um bom acordo e tudo graças ao nosso PM! Urra!Urra! Urra! Ah! Mas esperem, o PSD diz que também influenciou o acordo e que há muita coisa das suas propostas no acordo - como é evidente, as coisas boas, claro! Ms. Brown adora isto! Numa situação de crise evidente como o país está a atravessar, os partidos mais responsáveis pela dita, têm a distinta lata de se regozijar com o acordo com a troika e ainda dizer que as partes boas são deles, tudo em prol de umas eleições que se aproxima e "pois que há que tentar amealhar todos os votos possíveis!". TENHAM VERGONHA!
Ms. Brown, deu-se ao trabalho de averiguar as 34 medidas que estão incluídas no acordo e vai apresentá-las aqui para esclarecimento dos viajantes - algo que até agora nem PM e Governo, nem PSD fizeram, não esclareceram ninguém sobre o que realmente irá acontecer!
Assim:
- Subida dos bilhetes dos comboios
- Equipas especiais de juízes para processos fiscais acima de um milhão de euros
- Tabaco e automóveis com mais impostos
- Empresas vão poder pagar menos por horas extraordinárias
- Aumento da concorrência nas telecomunicações
- Corte na despesa com Saúde chega a 550 milhões de euros
- Bancos de horas negociados directamente com trabalhadores
- "Falsos" trabalhadores independentes passam a ter apoio no desemprego
- Subsídio de desemprego passa a ser declarado no IRS
- Cortes na ADSE
- Despedimento individual por justa causa vai ser ajustado
- ‘Golden shares' do Estado são para eliminar até Julho
- Taxas moderadoras aumentam e atingem mais portugueses
- Incentivo ao arrendamento
- Novo aeroporto sem fundos públicos e TGV Lisboa-Porto suspenso
- Aumento do IVA na factura da electricidade
- Menos oito mil funcionários públicos por ano
- Patrões descontam menos para a segurança social
- Proprietários de casa serão penalizados com mais IMI
- Cortes na Transtejo e no Metro de Lisboa
- BPN será vendido até Julho e não tem preço mínimo
- Governo tem 12 mil milhões para injectar nos bancos
- Desempregados só vão ter subsídio durante 18 meses
- TAP, EDP e REN para privatizar na totalidade este ano
- Redução de pessoal no Estado é para continuar
- Pensões acima de 1.500 euros vão ser cortadas
- Objectivo do défice para 2011 fixado em 5,9%
- CGD deve aumentar capital com recursos próprios
- Definição de critérios específicos para extensão de portarias
- Eliminação de serviços gera poupança de 500 milhões
- Empresas do Estado têm que poupar 515 milhões de euros
Com estas medidas vê-se bem quem é que se trama! O mexilhão pois claro! O povo que nada contribuiu para esta crise, que já paga impostos em demasia, que passa a vida a apertar o cinto, que vê muito mês a sobrar à carteira, que vive explorado, a trabalhar por ordenados de miséria, é que tem de pagar "o pato"!
Enquanto isso, os verdadeiros responsáveis - PSD entre 1987 e 1995, entre 2001 e 2003, e o PS, entre 1995 e 2001, 2004 até agora - passam por "salvadores da pátria" e como óptimos negociadores de acordos com os "prestamistas" europeus e mundiais.
Não há almoços de graça, toda a gente sabe-o. Este empréstimo de 78 mil milhões de Euros é feito mas com muitas contrapartidas! Mas até que ponto essas contrapartidas não levarão Portugal à falência?!
Ms. Brown defende que, como na Islândia, os verdadeiros responsáveis deviam ser chamados à justiça e responder pelos seus actos. Mas infelizmente, Portugal não é a Islândia (se bem que com a notícia de hoje sobre a manutenção da pena de prisão de Isaltino Morais, até o pareceu por instantes).
Ao menos que na data das eleições, os portugueses se desloquem em massa às mesas de voto e definitivamente demonstrem o seu desagrado por toda esta situação, punindo politicamente os responsáveis.
Até lá, e por enquanto, divirtamo-nos com o que de melhor aconteceu nos últimos tempos - a presença dos "Homens da Luta" no Festival da Eurovisão da Canção - e tomemos como lema o seu mote "a luta é uma alegria".
Lutemos então!