O Blog da Escorregadela intelectual (versão 2.0)

22
Mar 11

Era uma vez um povo que, no pós-25 de Abril e principalmente nos anos 90, viveu de sonhos e enebriado, pensando que vivia na fausteza e que o tempo das "vacas gordas" nunca iria terminar. Por isso era ver a compra de casas - 1ª e 2ª habitação - as férias, a compra de carros, a ida aos restaurantes, almoçar, jantar, lanchar, tomar o pequeno-almoço. Os bancos facilitavam o crédito, reduziam o spread, davam cartões de crédito, e deixaram cair o discurso da poupança. Esse povo vivia feliz porque tinha dinheiro, porque podia mostrar aos outros povos o quão bem estava na vida. Não era à toa que tinha sido apelidado de "melhor aluno da Europa". Tudo era vivido "à grande e à francesa" (mas os franceses eram mais comedidos...) Faziam-se exposições mundiais, que obrigavam à construção de pontes, inauguradas com pompa, circunstância e uma mega-feijoada e que tinham marinas que não tiveram sucesso nem qualquer uso. Construíam-se "mamarrachos" à frente do rio, na zona de Belém, com gastos exorbitantes. Faziam-se Auto-Estradas, algumas sem portagens, diminuíam-se os impostos, aumentavam-se os benefícios fiscais... tudo corria às mil maravilhas! Os políticos diziam que tudo corria bem e que éramos um grande povo! Era Portugal no seu melhor, a deixar o século XX, a entrar no século XXI e no sistema monetário "Euro".

Mas, de repente, tudo se desmoronou. Afinal, as contas do déficit estavam erradas, governos começaram a cair - ou primeiros-ministros largaram o país e esse povo e foram pregar para outras freguesias, cuidando da sua vidinha - e outros governos começaram a aparecer a dizer que "o país está de tanga", as vacas começaram a emagrecer, e, de repente, o povo que outrora vivia feliz e cheio de crédito, deprimiu, começou a olhar para as dívidas que contraíu e para os rendimentos que não tinha para pagar essas dívidas; começou a aperceber-se que gastou para lá da conta. Os bancos também cortaram no crédito (mas sem qualquer prejuízo para eles mesmos, pois os lucros continuaram a aumentar e os custos a reduzir). O povo então começou a ver que tinha sido iludido, pois enquanto "pagava o pato", os ilusionistas do costume continuavam na maior. Uns em instituições europeias, outros em empresas privadas, mas todos sem sentir directamente na pele os efeitos de uma crise anunciada.

E eis-nos chegados à segunda década do século XXI! Hoje esse povo vive à rasca, sem emprego, sem dinheiro, sem casa (nem 1ª ou 2ª habitação), sem crédito, com muito débito, sem perspectivas de futuro! Portugal afundou, bateu no fundo, e infelizmente quem se trama é o mexilhão. Enquanto isso, os senhores políticos andam em lutas estéreis, a discutir PEC's e afins, mas todos a tentar zelar pelo seu bolso e nada mais.E o povo? O povo anda a contar tostões e de marmita na mão...

Ms. Brown às 11:35

16
Mar 11

Ms. Brown está de volta!

Animem-se viajantes, a blogosfera já tem a sua blogger, mais brown do que nunca, de volta, e com vontade de escrever!

Nestas duas semanas, Ms. Brown esteve por terras brasileiras, mais propriamente em Salvador da Bahia, a gozar o carnaval (o Carnaval mais democrático do mundo). Ms. Brown entrou nos blocos, andou atrás de trios eléctricos, dançou, pulou, tirou pé do chão, jogou mão para cima, cantou com Chiclete, com EVA, com Ivete, com Daniela Mercury e com todos os artistas que por lá passaram. Foram dias de muita folia e animação que não vai esquecer nunca! E quando a companhia é do melhor, a vivência desta experiência ultrapassa as expectativas mais altas alguma vez criadas!

Para além do Carnaval, Ms. Brown teve oportunidade de conhecer um pouco de Salvador e arredores (Praia do Forte um "must go" sem dúvida!) e as gentes baianas - há lá povo mais simpático?! O mote da cidade e do Estado da Bahia - Sorria, está na Bahia - foi levado à letra por Ms. Brown que não conseguia deixar de sorrir (por fora e por dentro) e de se sentir feliz por ter tido a oportunidade de conhecer este canto do mundo: a terra do axé, das Mães e Pais de Santo, de Iemanjá, dos Orishas, de Jorge Amado, dos extensos areais, do Pelourinho (Património Mundial), das Baianas, do batuque, da capoeira, das mil e uma Igrejas ... enfim, a terra da alegria. Tudo é festa, tudo é motivo para dançar e cantar. Ali tristeza não tem lugar! Desde o mais pobre ao mais rico, todos têm motivos para sorrir e tudo serve para fazer negócio ou para trabalhar, tal o empreendedorismo que está incutido no espírito do baiano (e isso foi o que mais impressionou Ms. Brown!).

Foram, sem dúvida, duas semanas intensas! Ms. Brown recomenda, vivamente, aos viajantes que deixem de viajar na maionese e viagem para esta terra tão bonita, onde serão, por certo, muito bem recebidos. E se conseguirem ir por altura do Carnaval, ainda melhor!

Mas, a chegada a Portugal, trouxe Ms. Brown à realidade.

Ms. Brown deparou-se com o mesmo país deprimido, cinzento (até literalmente por causa da chuva), com uma crise não só económica, mas também existencial, a necessitar de uma terapia forte (uma ida a Salvador faria milagres), com um Governo à deriva, a agir de forma autista (característica que lhe foi sempre muito própria), a apresentar PEC na UE antes de apresentar em Portugal, a reduzir IVA de 23% para 6% no golfe (modalidade desportiva e não no modelo de carro da Volkswagen como deu a entender a reportagem da RTP!) com um povo sem motivos para acreditar num futuro melhor, a manifestar-se nas ruas, mas, aparentemente, sem consequências, com uma paralisação dos transportadores, com a gasolina no preço mais alto de sempre...

Em duas semanas nada mudou, ou melhor, a crise acentuou-se e o povo está cada vez mais desiludido! E não fora a surpresa dos Homens d'a Luta terem ganho o Festival da Canção, e nada, mas mesmo nada de novo, haveria. Enfim, tudo como d'antes, quartel-general em Abrantes!

Ms. Brown às 12:24

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