A malta casa-se e, depois de curtir a viagem e de finalmente aterrar, pensa, muito a medo: "Temos de alterar os documentos". Convencemo-nos de que é uma coisa natural, um sinal dos tempos, uma daquelas preocupações que assumimos como algo que inevitavelmente nos vai fazer perder bastante tempo e obrigar a aturar filas intermináveis de gente. A aceitação não é, obviamente, imediata. No caso do VM foi precisa uma semana de mentalização. Aceites as evidências, chega a inevitável altura de meter as mãos na massa, de alterar o estado civil no B.I., de alterar a morada nos documentos, de isto e daquilo. E é nessa altura providencial que a respectiva diz "mas olha lá, nós só temos de tirar o cartão do cidadão, ficamos com tudo logo resolvido". E o VM, ingénuo como um bébé recém-nascido, deixa-se maravilhar. "Um cartão apenas? Mas isso é fantástico! Mas como é que eu não me lembrei disso? Vamos já tratar da coisa". E, por breves momentos, o VM acredita num certo Simplex, na informatização do serviço público, na desburocratização e na desmaterialização do Governo.
Dia 1 - Animado, o VM dirige-se à loja do cidadão nas Laranjeiras durante a hora de almoço. Para grande surpresa, já não haviam senhas disponíveis para o cartão do cidadão. Ainda com ingenuidade, o VM achou que era coisa daquele dia. No balcão, o sonho cai por terra. É informado de que não haviam senhas simplesmente porque apenas as distribuíam de manhã, ao início do dia. Como o VM até trabalha para as zonas de Cascais, o caso começou a complicar-se. "Ora bem, se isto é daquelas coisas em que o melhor é chegar bem cedo, antes das portas abrirem, o melhor é tratar da coisa no Registo Civil de Cascais".
Dia 2 - Com esperanças de que em Cascais a coisa fosse diferente, o VM decide voltar a tentar a hora de almoço. O filme é ainda pior. Para além de não haverem senhas disponíveis e de as despacharem todas por atacado com a abertura das portas, só distribuem 50 senhas.
Dia 3/Manhã - Preparada para a espera, a Miss VM chega às portas do Registo Civil de Cascais às 08h25, 35 minutos antes da abertura das portas. Às 9h15, já com o VM presente (que é dorminhoco e foi mais tarde), conseguem-se as senhas nº 42 e 43. Foi por pouco.... e os restantes da fila que esperaram uma hora e que não conseguiram senha? "Vão ter de voltar outra vez...".
Dia 3/Tarde - Avisados de que os últimos números só eram atendidos depois das três da tarde, a equipa VM regressou às 14h50. Em boa hora, o número já era o 45, o limite para se conseguir um "atendimento de um número passado". Enfim, fez-se a coisa. Tempo de espera: pelo menos um mês. E para ir buscar os documentos? É preciso ir de manhã outra vez e repetir o filme da senha.... Mas será que ninguém percebe que a malta trabalha e tem mais que fazer???????!!!!!!! Este processo de Simplex não tem nada...
Eu fiz o meu no Magalhães...