Mal o ano começou e já circulava a notícia que deixou muita gente zangada - a Jerónimo Martins, empresa detentora da marca e supermercados "Pingo Doce" ia deslocalizar-se para a Holanda porque neste país a carga fiscal é menor do que em Portugal!
Sabe-se que num momento de total afundanço do barco, as ratazanas são as primeiras a sair borda fora e neste caso o "Pingo Doce" saltou fora do barco, mas não sem antes ter-se aproveitado de várias benesses ao longo dos anos por parte do Estado português e do consumidor final.
Em menos de um piscar de olho a marca "Pingo Doce" soava nas nossas mentes "de Janeiro a Janeiro", entrava-nos pela casa a dentro, em todos os bairros era instalado um supermercado, que, em menos de nada acabava com o comércio local das mercearias com as suas vendas agressivas e preços convidativos. E tudo foi feito com a complacência dos governos que autorizava a sua entrada no mercado português sob a justificação de se tratar de uma empresa portuguesa.
Mas, agora que o consumo se retraíu, agora que o Governo foi obrigado a agir também contra as empresas e não só contra as pessoas, agora que o patriotismo e a necessidade de defesa dos interesses nacionais se deveriam sobrepor a qualquer outro interesse, a empresa Jerónimo Martins fugiu para a Holanda, país que não vive crise, que tem consumo q.b e que, acima de tudo, tem uma carga fiscal bem menor para as empresas. Ou seja, a Jerónimo Martins, empresa portuguesa, ao invés de contribuir para o PIB nacional, optou por contribuir para o PIB holandês, e assim, "à cara podre" decidiu no início do ano anunciar a sua mudança de sede!
E o Governo nada diz ou faz...nem uma reacção oficial! Dirão que vivemos numa economia de mercado, totalmente liberalizada, e que enquanto integrados na UE, uma empresa privada poderá deslocar-se para outro país da UE e optar por aí pagar os seus impostos, não podendo o Governo ingerir nos assuntos privados. Mas, e os interesses nacionais? E as receitas fiscais que se perdem à custa deste "chico-espertismo"? Em tempos de necessidade extrema de se manter as empresas que por cá andam e de se angariar novas empresas, com recurso a campanhas aliciantes e que provem que o país tem condições para as ter cá (desde que contribuam para o PIB e para o aumento de emprego, claro está), o Governo deixa fugir uma das maiores empresas nacionais, nada faz ou diz, encolhe os ombros e empurra os problemas com a barriga! Vergonhoso!
Infelizmente, o ano muda e tudo fica na mesma...os pobres que paguem a crise!