O Blog da Escorregadela intelectual (versão 2.0)

19
Ago 10

Olá caros viajantes!

Apesar de (ainda) em férias, Ms. Brown (cada vez mais brown) interrompe o seu descanso para vir viajar um pouco na maionese, falando da tolerância ou não deste país à beira mar plantado.

Com efeito, no dia em que Manuel Machado, o líder dos Hammerskin, vg. Skinheads portugueses, foi condenado a 7 anos de prisão efectiva (infelizmente não por crime de xenofobia ou racismo!) Ms. Brown sentiu na pele o racismo ainda latente que existe encapotado nalgumas mentes.

Lamentavelmente, neste caso, foi através da mente de uma (alegadamente) inocente criança com não mais 8 anos de idade!

Ontem, estava Ms. Brown e sua mãe (mulata, filha e neta de cabo-verdeanos) sentadas à porta de um museu quando uma miúda se dirige para os seus amigos de brincadeira, mas olhando para Ms. Brown e sua mãe, perguntando "já viram a preta?!". Felizmente, os outros miúdos, bem-educados por sinal, criticaram-na logo e disseram-lhe para se calar com aquilo, mas a miúda continuou com a mesma pergunta e sempre a olhar de forma provocatória para nós!

Ms. Brown, como sempre, não desceu aquele nível de ignorância porque bem sabia que tal forma de estar decorria da falta de educação em casa! Já a mãe de Ms. Brown, que nunca deixou de dizer o que pensa, se dirigiu à miúda fazendo-lhe ver que não se sentia intimidada pela sua atitude.

Quanto às outras crianças, foram ter com a educadora que com elas estava num atelier de tempos livres e relataram-lhe o sucedido. A educadora rapidamente interveio, chamou a miúda em questão e obrigou-a a pedir desculpa, dizendo-lhe que há pessoas de todas cores e raças e que não era por isso que éramos diferentes!

Ms. Brown espera que aquela miúda tenha aprendido a lição! Espera igualmente que casos destes sejam cada vez mais pontuais, pois num país que tem na sua origem a mistura, a tolerância, que foi dos primeiros a abolir a escravatura, que recebe milhares de imigrantes e os integra (e que também vê muitos dos seus naturais emigrarem), não é admissível que em pleno Séx. XXI se aceite a existência de organizações xenófobas, ou que as crianças sejam instruídas para não aceitarem a diferença!

Ontem, aquela miúda ficou sozinha na sua opinião...esperemos que assim se mantenha!

Ms. Brown vai continuar as suas férias e vai trabalhar para ficar ainda mais brown para exibir com orgulho o seu tom de pele e as suas origens! Até ao meu regresso... Continuem a SEREM FELIZES!

 

Ms. Brown às 10:12

2 comentários:
Num mundo como deve ser, os pais dessa miúda eram chamados pela educadora e pela escola (certamente foram eles que lhe incutiram esses princípios) e obrigados a frequentar acções de formação onde fossem debatidos os temas da igualdade (raciais, de género, de credos,...).
joca a 20 de Agosto de 2010 às 11:17

O tema do racismo é e será tão difícil de enquadrar como tantos outros que minam de uma forma mais ou menos marcante as sociedades ditas modernas. Embora se possa afirmar que, concretamente a nossa sociedade, aos olhos da Lei, não é racista, porque contempla direitos e oportunidades semelhantes para todos, na realidade do terreno, isso não acontece. Não acontece porque cada cidadão conta, conta tanto que pode fazer a diferença no lugar onde está, para melhor… ou para pior.

Para além do seu nível sócio - cultural, económico e grau de literacia, a natureza humana influencia a evolução, e muito! Desde há séculos que se verifica o peso dessa natureza, no passado, no presente e pesará também no futuro.
Refiro-me ao lado humano que pode ser construtivo, solidário, sensível, justo e ao lado desumano que pode ser destrutivo, sombrio, cínico, mesquinho, fútil e insatisfeito.

O mundo de amanhã constrói-se por cada um de nós e todos os dias…

Construir um mundo melhor, significa agir e acreditar que é possível viver numa sociedade melhor, mais justa, ou seja construir, destruindo a injustiça, a descriminação, a violência, a fome, a pobreza e tudo o que compromete os mais sagrados direitos humanos.

Um outro factor a considerar sobre este tema tem a ver com a realidade do passado ainda latente no presente. A influência dos factos históricos marca algumas mentes, atitudes e por isso ainda a vida de hoje. Acredito que é poderosa a capacidade das novas gerações de ir limpando, corrigindo e rectificando os erros do passado. Se assim for cultivado pedagogicamente ao nível da Família, Escola e Comunidade.

Sobre a Família, quando a ignorância e a falta de informação são gritantes, considero esse porventura um dos maiores entraves ao desenvolvimento e à justiça social. Quanto a mim, foi o caso da ignorante e inocente criança de 8 anos, que com a sua triste atitude se tornou ainda mais pequenina e insignificante na sua existência…

Para mim, não há lugar a Tolerância, porque isso pressupõe diferença. A cor não é diferença. A cor é característica. É estética, é beleza, é cultura, é história…

Por isso atrevo-me até a ir mais longe e a dizer que a mistura de características torna as pessoas muitas vezes mais bonitas, mais inteligentes e quando mais corajosas, torna-as pessoas mais capazes de dar aquele especial contributo de mudança e de evolução positiva que o mundo de amanhã tanto precisa.

Obrigado Ms. Brown pelo contributo e pela coragem na partilha da experiência.

Sou optimista e por isso vai ser excelente ver… a sociedade e o mundo a evoluir cada vez melhor!
EU a 20 de Agosto de 2010 às 18:57

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