Supostamente, hoje, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. E eu pergunto,mas é só hoje que se comemora? Porque não se comemora todos os dias?
Eu sou anti-dias de qualquer coisa... creio que os mesmos não têm significado se não dermos esse significado todos os dias. Hoje, os homens vão fazer grandes homenagens às suas mulheres (mães, namoradas, esposas, amigas...) e nos outros dias? Hoje lembramo-nos de como as mulheres são umas batalhadoras, são mães, amigas, mulheres, trabalhadoras numa só pessoa; que merecem o melhor do mundo; bla, bla, bla...
Sou mulher e sinceramente este dia nada me diz! Desculpem a sinceridade. Prefiro que no dia-a-dia me respeitem enquanto mulher, mas principalmente enquanto pessoa e que se lembrem disso todos os dias, do que ter um dia específico. Também abomino dia do pai, da mãe, da criança, dos namorados, dos avós, do idoso, do cão, do gato, do periquito... pronto, não gosto de um dia, gosto de todos os dias!
Tudo seria diferente se não tivéssemos de celebrar um só dia (esquecendo-nos de celebrar a efeméride desse dia nos restantes 364 dias do ano,) se nos lembrassemos todos os dias das pessoas...
No entanto, e para não parecer tão cretina em relação a este dia, vamos lá saber a origem do dito...
O Dia Internacional da Mulher tem a sua origem nas lutas femininistas do séc. XIX. Quando se deu a 2ª Revolução Industrial, e as mulheres começaram a trabalhar nas fábricas, não tinham qualquer tipo de direito. Ora, muher que se preze não se cala perante as injustiças e daí até começarem as reivindicações foi um pulinho. As mulheres juntaram-se e manifestaram-se por melhores condições. E é assim que, em NY (muito antes do Sexo e da Cidade aparecer), em 8 de Março de 1957, mulheres trabalhadoras fabris se manifestaram e reivindicaram os seus direitos.
Depois de muitas lutas, na viragem para o séc. XX, foi instituído o dia, que não coincidiu durante muito tempo com o 8 de Março. O 1º dia a ser celebrado foi em 28/02/1909. O 8 de Março passa a ser institucionalizado a partir de 1975, data em que as Nações Unidas adoptam este dia para assinalar as lutas das mulheres.
Ao longo da História, várias mulheres aparecem como grandes figuras. Até em termos Bíblicos a mulher tem um papel preponderante (mas aqui, e perdoem-me os que comigo não concordam, a mulher aparece como uma pecadora ou alvo da cobiça e do pecado, salvo a N.ª Senhora, mãe de Jesus...). No entanto, e apesar da existência de grandes mulheres na História, à mulher nunca foi reconhecido estatuto igual ao do homem. Basta aliás ver o que se passa na actualidade, demonstrando as últimas estatíticas que há mais mulheres a trabalhar e muitas no topo mas que recebem menos que os homens nos mesmos cargos...
Por isso considero o Dia Internacional uma hipocrisia, porque, diariamente, as mulheres lutam para serem tratadas como iguais. A mulher é logo tratada de forma diferente numa entrevista de emprego quando de forma velada, muitas vezes, se pergunta à candidata se tem família, filhos pequenos, grandes, se pretende engravidar... depois, à mulher não é admitida uma falha na lide doméstica, no tratamento da família, mesmo que tenha uma carreira, seja uma executiva de topo - a função da mulher é a família e a casa e só depois o trabalho, dizem alguns, pensam quase todos... É cultural! É-nos intrínseco.
No entanto, creio que há uma mudança e isso vê-se ao passarmos os olhos pelos jornais e ao deparar-nos com a quantidade de mulheres que aparecem como Chefes de Estado ou de Governo ou com grandes papéis na vida política dos países. Ainda agora tivémos o exemplo da Presidente do Chile - Michelle Bachelet - incansável no apoio às vítimas e na resolução dos problemas causados pelo violento terramoto. No poder e como Presidente temos também, na América do Sul, Cristina Kirchener, presidente da Argentina. No Brasil, Lula da Silva apresenta como sua sucessora no Partido Trabalhista e, qui ça, na Presidência, Dilma Roussef. Em Portugal temos 3 ministras, a da Cultura, a do Ambiente e a da Saúde e temos, até ao momento, uma presidente de um partido. Não poderei também esquecer a nossa 1ª e única Primeira-Ministra, Maria de Lurdes Pintassilgo, já falecida. Já para não falar de todas as mulhes, incógnitas, que por mim passam todos os dias, que com certeza são mulheres de grande valor e que se esforçam por ser felizes mas principalmente para fazerem felizes quem os rodeia.
Não há dúvida que a Mulher é um ser fantástico, e por isso digo que, não basta um dia no ano para assinalar o quão fantástica é a Mulher, para mim, todos os dias são dias da Mulher!... e espero que todos se lembrem disso!